Houve tempos em que eu era mais ágil. Houve tempos em que não precisava da diferença. Houve tempos em que tudo era mais fácil. Houve tempos em que tinha a minha crença.
Mas tudo mudou… Agora, eu sou a diferença. Esta insustentável cidade, Já não faz parte de mim.
Houve tempos em que caminhava. Houve tempos em que subia. Houve tempos em que me desviava. Houve tempos em que descia.
Mas tudo mudou… Agora, procuro outros acessos. Não quero barreiras. Procuro largos passeios. Não quero escadas. Procuro rampas.
Quero que me vejam E pensem também em mim. Mas houve tempos em que também fui assim, Igual a tantos outros…
Gaivota, 01.Jul.07
Julho é mês de debate sobre “Novas Energias” no Georden e o que pretendo mostrar com a foto do mês é que são precisas “novas luzes” (ideias) para resolver um dos principais problemas das nossas cidades, a mobilidade (ou a falta dela).
Será isto um bom exemplo de passeio público pedonal? Ou estaremos a criar passeios para provas de trial outdoor? Desafio todos a analisarem esta foto como se tivessem de cadeiras de rodas, ou com qualquer outro modo que torne a mobilidade condicionada/reduzida:
Ora… -Uma faixa de rodagem com canteiros de flores (inútil! Para que queremos canteiros de flores num passeio? Ali até passava, mas iria “lavrar canteiros e colher flores”…); -Outra para colocação dos postes de iluminação (útil à noite! Mas ali não passo! Talvez um roda em cada faixa. Seria radical… mas melhor não, posso capotar…); -Outra totalmente “desimpedida” (Se eu não tivesse esta maldita cadeira, passava ali num brinquinho. Raios partam a escada. Espera! E se fizesse cavalinho? Seria radical… mas melhor não, posso cair para trás. Mas porquê aquela escada? Ah! A cota do edifício está muito mais alta que a da estrada… então convém equilibrar desnível com escadas… “estes projectistas/construtores são burros como portas”); -Por fim, a quarta faixa de rodagem (oh! Seria sempre um sonho para mim… Subir 3 degraus? Será que consigo? Nunca. Uma rampa aqui fazia jeito, porque sempre sonhei circular num piso encerado (que lembra-me o do meu quarto) num edifício com passeio sob a forma de túnel, para além de poder ver montras. Ah! É bom sonhar…). Pensamentos… apenas pensamentos… que não deixam de ser reais…
Continuando… Recentemente assisti às obras de requalificação das Avenidas Mota Pinto e Sá Carneiro (Quarteira)*, ao nível do trânsito, estacionamento, espaços arbóreos e travessia de peões, e o que tenho a dizer sobre isto é que muito ficou por fazer. Preocuparam-se essencialmente com o trânsito e estacionamento. Melhoraram as travessias de peões, mas certamente foi a pensar no trânsito. As pessoas atravessam a “avenida que rasga a cidade” em qualquer sítio, daí a importância de criar espaços/canais de atravessamento para peões, pensaram eles… (suponho eu…). Numa cidade que tem apenas 8 anos e que pretende assumir-se como tal, terá que resolver questões como esta. Será que quem pensou/projectou a requalificação da avenida se esqueceu de locais como este que a foto mostra? Ou o orçamento era escasso? Ou projectaram no gabinete e nem saíram dele? Na volta até usaram apenas o Google Earth… Enfim… Contudo, quero mostrar o meu agrado pelo esforço que tem sido feito na cidade de Quarteira, ao nível da mobilidade. Mas convém lembrar que muito há a fazer… mas mesmo muito, para se atingir a mobilidade sustentável.
Saudações geográficas,
Rogériomad
* Brevemente publicarei um artigo no Georden sobre esta obra e outras na cidade de Quarteira. Por agora não tenho tido tempo para nada…
Sustenta o sustentável 🍀
Rogério
Geógrafo
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