A “violência” é o receio de qualquer governo.
Porque estão já ultrapassadas as tentativas de diálogo da parte dos violentados.
Há já muito que nesta latrina o ar anda irrespirável…
Situações relatadas (por alguma imprensa) a 28 de Setembro de 2011
Retirado da página Worldatprotest.com
O antropólogo francês Alain Bertho tem dedicado anos a documentar e analisar as revoltas que vão acontecendo pelo mundo. O seu blogue não é muito complexo, (http://berthoalain.wordpress.com/), mas nele reúne-se uma base de dados de artigos de imprensa sobre manifestações e protestos de todo o género (estudantis, laborais, cívicas), rebeliões e tumultos sociais diversos, incluindo os que tiveram lugar na costa mediterrânica espanhola neste Verão.
Antes deste ano, Bertho já documentar as insurreições e manifestações ocorridas entre 2007 e 2009, e constatou que, de facto, assistíamos a um aumento na quantidade, e com diferente intensidade, das formas de protesto e de revolta. Escreveu um livro e elaborou um mapa (clicar para ampliar):
Destacam-se as chamadas “rebeliões da fome” de 2008 pelas subidas dos preços dos cereais em África, nas Caraíbas e noutras regiões, e a quantidade de mobilizações que se deram na Europa durante esse período. Como Bertho se baseia principalmente em fontes jornalísticas, é possível que haja uma sub-representação do que acontece nesse continente, mas mesmo assim não podemos deixar de notar o fervilhar europeu num momento em que muitos se perguntavam porque é que as pessoas não saíam à rua. Mas na Europa verifica-se uma grande densidade de organizações e movimentos sociais, nas quais a manifestação ou a folga não deixa de ser uma forma de acção habitual e até rotineira. A classificação de Bertho não faz grande distinção entre as formas de acção, mas é um bom ponto de partida. Compare-se, por exemplo, com a escassez de mobilizações nos Estados Unidos (onde os protestos talvez sejam mais registadas pela imprensa local que pela imprensa nacional) ou na Austrália. Outro elemento a destacar são os pontos vermelhos, que indicam que “assassínio de jovem” e que estão na origem de muitos distúrbios. Na Europa aparecem bastantes pontos vermelhos. Muitos deles correspondem a imigrantes ou a nacionalidades de ascendência imigrante, o que explicaria a relativa invisibilidade mediática, excepto quando se dão distúrbios de uma determinada entidade.
Tanto na Europa como em África e na Ásia, Alain Bertho atribui a muitos conflitos uma forte componente identitária e há temas que são recorrentes, apesar das diferenças geográficas e culturais:
– contra o aumento do custo de vida,
– a corrupção dos governos,
– as fraudes eleitorais,
– a violência policial,
– a deficiência dos serviços públicos básicos (electricidade, habitação, água),
– as “deslocalizações” dos mais pobres,
– as condições de escolarização e a educação…
Continuar a ler (Castelhano)
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