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"Psicologia Social – Ambiente e Espaço", de Carlos Barracho


Título: Psicologia Social - Ambiente e Espaço

Autor: Carlos Barracho

Edição: Lisboa, 2001 Editora: Instituto Piaget ISBN: 972-771-419-6 Paginação: 98 páginas


Este pequeno livrinho funciona como uma breve introdução à temática da psicologia do espaço. É de alguns “conceitos, abordagens e aplicações” (como no-lo diz o subtítulo) que Carlos Barracho nos fala, citando vários estudos e autores.

Dividido em duas partes, as suas páginas são usadas sobretudo para falar de teorias sobre a relação do Homem com o Meio (1ª parte) e sobre a relação entre paisagem, espaço e turismo (2ª parte). Eis algumas, curtas e soltas, passagens que achámos interessantes:

De notar ainda que a apropriação do espaço exige primeiramente uma identificação desse mesmo espaço, a saber, o reconhecimento entre o ‘aqui’ e o ‘acolá’. (…) Se o local não possui identidade, essa será a primeira tarefa a fazer, dar-lhe identidade (2.1.3 – A Abordagem Psicossociológica, p.32)

A distância íntima, corresponde na fase próxima ao contacto directo entre os corpos (…). A distância pessoal corresponde a uma ‘esfera fenomenológica’ que nos separa dos outros e vai dos 80 cm ao metro e meio. A distância social é uma distância convencional, diferente de cultura para cultura (…). A distância pública (…) é uma fase que corresponde a cerimónias protocolares e em que é necessário muitas vezes elevarmos a voz para que a comunicação seja perceptível” (2.2.2. – A Comunicação Homem-Meio, p.43)

A apropriação, para Sansot, mais afectiva que activa, é um acesso aos diversos processos de identificação (…). Proshansky refere ser a apropriação um acto de domínio do espaço físico ou psicológico sobre um dado local. (…) A apropriação consiste, então, em sistemas comportamentais ao nível das espécies gregárias, assegurando a coesão e a estabilidade dos grupos através da divisão entre indivíduos ou grupos (…)” (2.2.3 – Apropriação e Territorialidade, p.48)

Estes graus de apropriação dependem da criação de barreiras ou muros, que modificam a percepção e originam um ‘interior’ e um ‘exterior’, um ‘dentro’ e um ‘fora’, um ‘aqui’ e um ‘acolá’, separando definitivamente o ‘eu’ dos ‘outros’. Importante é salientar a definição das paisagens como uma quantificação espacial da continuidade da trajectória do ser humano e da sua hierarquização em função de critérios que são estéticos (…) O indivíduo forma determinada imagem não só dele próprio, como também dos seus limites perceptivos, que irão recortar o espaço contínuo em camadas descontínuas. (2.2.4 – A Escola de Abraham André Moles ou Escola da Comunicação e Espaço, p.56)

Ulrich (1979) refere a descoberta de ansiedade e tristeza após a apresentação de cenários urbanos aos sujeitos, bem assim como uma diminuição do nível de ansiedade e um maior nível de respostas afectivas após a apresentação de cenários da natureza (…) (2 – Espaço, Representações e Dimensões Psicossociais da Paisagem, p.71)

Paisagem é uma porção de espaço visível que podemos ver, sentir, absorver e finalmente ‘consumir’. (…) Nos dias de hoje, o Homem, para as contemplar e absorver, percorre grandes distâncias e gasta uma parte das suas energias e dos seus recursos, pois esta actividade dá-lhe prazer e sugere-lhe qualidade de vida: são os paraísos bem idealizados através das viagens turísticas e difundidas por todo o tipo de meios de comunicação de massa. (…) Os responsáveis, embriagados pelos benefícios obtidos através da visita dos ‘curiosos’, tentam maximizar o produto desta exportação invisível onde o turista gastará a sua energia, o seu tempo e o seu dinheiro: sobretudo o seu dinheiro. Estas acções original um ciclo irredutível do consumo das paisagens: a ideia intuitiva de paisagem inalterável aos olhos e vagas sucessivas de consumidores é indirectamente destruída por aqueles que a estimam (“Poluição visual”, Moles, 1986; Covarrubias, 1989). Ora, a concentração massiva de visitantes origina determinados efeitos que nós apelidaremos de poluição social, transformando ao fim de certo tempo, uma paisagem bela e célebre num lugar povoado e descaracterizado. A capacidade de atracção diminui e instala-se uma motivação negativa originando um custo psicológico elevado. O turista sentir-se-á incomodado pelo tráfego excessivo, pelas urbanizações selvagens, pelo comércio crescente e pela falta de higiene. Mais do que isso: ele, que quis fugir à rotina, encontrar-se-á num ambiente semelhante ao que acabou de deixar antes de partir para férias. (3 – Paisagem e Turismo: Abordagem Psicossociológica, pp.75 e 77)

Para além disto, no que concerne à Geografia, pouco mais quisemos ou conseguimos extrair. É de referir ainda que o autor comete alguns erros de sintaxe, que lamentamos e não gostaríamos de ter encontrado neste livro de leitura bastante acessível.


Nota: Envia a tua sugestão de leitura para georden@gmail.com que, posteriormente, publicaremos, neste mesmo espaço.

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